Embrapa e Venture Hub selecionam startups para programa de aceleração

Startups que desenvolvem tecnologias digitais para o agronegócio têm até o dia 17 de agosto para se inscreverem no programa de aceleração promovido pela Embrapa Informática Agropecuária (Campinas/SP) e a Venture Hub. O TechStart Agro Digital vai selecionar até oito startups que participarão de um processo estruturado, com mentorias especializadas, treinamentos e oportunidades de interação com grandes e médias empresas, investidores e instituições de pesquisa, além de apoio nas áreas jurídica, de propriedade intelectual e contábil.

Foto: Divulgação

O objetivo é contribuir para o desenvolvimento e a escalada tecnológica de novas soluções para o agronegócio, oferecendo apoio às startups no processo de teste e validação do produto, na avaliação do seu posicionamento de mercado, formas de operação e projeções financeiras. A iniciativa atende também aos interesses de empresas parceiras do programa que poderão identificar tecnologias com potencial para integrar seus negócios e avaliar possibilidades de investimento.

O programa TechStart Agro Digital também vai oferecer aos participantes facilidades de acesso a campos experimentais das Unidades da Embrapa e à infraestrutura de coworking do Innovation Hub Campinas, um espaço de colaboração e inovação aberta. As startups selecionadas terão direito ainda a acessar gratuitamente as informações e modelos agropecuários gerados pela Embrapa disponíveis na plataforma AgroAPI. A ferramenta pioneira no Brasil foi lançada em abril e contempla desde dados sobre cultivares e produtividade até zoneamentos agrícolas. As informações são acessadas por meio de APIs (interface de programação de aplicativos, na tradução do inglês), úteis para o desenvolvimento de softwares e aplicativos móveis, com redução de custo e de tempo.

O segmento de empresas startups com foco em inovações para o agronegócio, as chamadas AgTechs, vem crescendo de forma significativa no Brasil. A estimativa do Censo AgTech Startups Brasil é de que existam mais de 300 empresas atuando no País. Há pelo menos três anos, a Embrapa Informática Agropecuária vem intensificando sua participação em programas de apoio aos novos empreendedores, atuando como uma facilitadora no ambiente de inovação aberta. “O TechStart Agro Digital será o primeiro programa de aceleração que a Unidade entra como organizadora principal, em parceria com a Venture Hub”, explica o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia, Carlos Meira. O intuito é ajudar a impulsionar a chegada de novas tecnologias ao mercado, que atendam aos desafios do agricultor e agreguem valor à produção agrícola.

O lançamento oficial aconteceu no dia 17 de junho, durante evento de negócios digitais promovido pela Embrapa. De acordo com o executivo da Venture Hub, Érico Pastana, o programa foi pensado como uma forma de melhorar o processo de inovação e ampliar a capacidade de geração de novas soluções. O TechStart conta também com o apoio da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec).

Como participar

As startups interessadas deverão inscrever propostas de soluções para problemas reais da agricultura em oito diferentes temas: Gestão de Risco Agrícola; Identificação e Detecção de Pragas e Doenças; Cadeia de Hortifruti; Automação e Robotização no Campo; Biotech; Manejo e Monitoramento; Pecuária de Precisão; e Nutrição e Sanidade Animal. Para participar, basta acessar o site do programa TechStart Agro Digital (clique aqui) e preencher o formulário de inscrição, gratuitamente. As etapas de seleção seguem fluxo contínuo e incluem uma triagem inicial, entrevistas e a participação num Pitch Day, quando as propostas serão apresentadas para uma banca avaliadora. Concluída esta fase, as startups selecionadas darão início ao processo de aceleração, previsto para setembro. O encerramento desta primeira rodada do programa deve acontecer em fevereiro do próximo ano, com a apresentação final dos produtos e modelos de negócios.


Texto originalmente publicado pela Embrapa.

Os impactos da LGPD no RH

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é considerada um avanço significativo na proteção de dados pessoais com fins comerciais. Apesar de entrar em vigor apenas em agosto de 2020, empresas e organizações estão se atentando para as novas responsabilidades, na qual terão que cumprir para garantir a conformidade com a lei.

A LGPD vai estabelecer princípios, direitos e deveres que deverão ser considerados no tratamento de dados pessoais.

Com a implementação da LGPD, primeiramente os gestores de RH junto com departamento de segurança da informação e jurídico terão que implementar estratégias e programas para conscientização das novas regras. Com isso, será de extrema importância o suporte jurídico e tecnológico para verificação dos processos.

O RH da sua empresa está preparado?

A área de Recursos Humanos nas empresas, geralmente coleta e processa grandes quantidades de dados pessoais de funcionários, ex-funcionários e candidatos a novas oportunidades. Nessas informações constam dados confidenciais, como registros médicos, níveis salariais, telefone, endereço, além dos dados considerados sensíveis como opção sexual, religiosa e associação sindical. Por isso, é extremamente importante que os profissionais da área estejam cientes sobre a LGPD para que processem esses dados de forma correta usando o princípio da minimização de dados, ou seja, coletar apenas os dados necessários para as finalidades.

A Lei Geral de Proteção de Dados exige que as empresas e organizações tomem medidas para diminuir a quantidade de dados que armazenam e garantir que sejam guardadas apenas por tempo necessário. Além disso, também estabelece que todo processamento de dados tenha uma base legal legítima, como, por exemplo, o consentimento do titular de dados, o titular tem o direito e esquecimento, ou seja, revogar a qualquer momento e sem custo o consentimento e a empresa tem como obrigação excluir sem demora indevida.

Na nova legislação, o consentimento é um pilar muito importante, já que as empresas vão poder usar os dados pessoais apenas para o propósito e finalidade para o qual foi concedido o consentimento. Para os profissionais de RH, isso significa que os funcionários precisam previamente estar cientes de como os dados serão utilizados, quais suas finalidades e por quanto tempo irão manter armazenados, após cientes e informados, podem optar pelo consentimento do processamento.

Papel do RH

Antes da LGPD entrar em vigor, ela precisa ser assimilada, estudada e entendida. Essas são tarefas que os profissionais já estão executando, sendo eles os responsáveis por grande parte da coleta, processamento e controle dos dados referentes aos integrantes do quadro funcional da empresa.

Uma das primeiras tarefas será identificar, classificar e se certificar de quais dados estão sob seu controle e de que forma estão armazenadas. Ter o conhecimento de quanto tempo deve ser armazenado esses dados e como fazer para protegê-los durante todo o ciclo de vida incluindo as salvaguardas, mais conhecidos como cópias de segurança.

Uma recomendação é fazer uma avaliação de impacto da proteção de dados (AIPD) com questionamentos, como: quais dados são necessários para o cumprimento legal do trabalho ou execução do contrato de acordo com as leis já vigentes e quão sensíveis é o dado coletado, buscando sempre pela minimização dos dados, que na prática é coletar somente o necessário para cumprimento das obrigações.

As medidas a serem tomadas devem exigir a posse de formulários claros que evidencie manifestação livre e informada. Com isso, os funcionários devem concordar com o tratamento de seus dados pessoais para certa finalidade, de forma que atenda aos requisitos da lei.

Outra prática a ser avaliada é o armazenamento de currículos nas bases de dados da empresa e o repasse de informações. No primeiro caso, o vazamento de informações pode ser exposto com facilidade, já no segundo caso, quando repassar informações a operadoras de planos de saúde, gestão de pagamento, deve ser revisto com um contrato de confidencialidade para evitar o vazamento, processamento ilegal ou acesso não autorizado aos dados.

Confira também: Entenda a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)

Dicas para colocar em prática

  • Ter uma consultoria jurídica especializada e um profissional de segurança da informação para avaliação e diagnostico, sendo possível colocar em prática as mudanças necessárias.
  • Realizar uma avaliação de risco referente aos dados coletados.
  • Saber onde, quando e como são coletados os dados pessoais de clientes, fornecedores e colaboradores.
  • Proporcionar treinamentos para conscientização dos colaboradores quanto à manipulação dos dados com a finalidade de evitar vazamentos bem como estarem cientes das responsabilidades quanto ao acesso.

RH, TI e Jurídico juntos

Com a LGPD, as áreas de Recursos Humanos (RH) e Tecnologia da Informação (TI) e departamento Jurídico estarão mais unidas, por isso é importante ressaltar que as empresas serão obrigadas a elaborar ou revisar suas políticas internas, determinando quais setores poderão ter acesso aos dados de candidatos, funcionários, terceiros e como essas informações serão utilizadas.


Texto por:
Every System, associado da Campinas Tech. Originalmente publicado no blog da empresa.

Na prática: Design Thinking na gestão pública

Foto: Caiena/Divulgação.

Na Caiena, nós utilizamos diversas abordagens de human-centered design em nossos projetos, como o Metadesign e o Design Thinking. Conscientes de todo o contexto explorado nos capítulos um (Compreendendo Design Thinking por meio da história do design) e dois (Como os pilares do Design Thinking foram construídos na história?) da série, analisamos, moldamos e integramos as abordagens. Elas, por sua vez, podem ser aplicadas em cada etapa de um projeto público ou privado, no intuito de nos ajudar a trilhar o caminho entre as ideias e a criação.

O projeto Observatório de Gestão Pública de Boa Vista (OBV) é um exemplo de como utilizamos Design Thinking e suas ferramentas na gestão pública. O OBV é um portal que permitirá à população acompanhar os gastos e atividades das secretarias municipais da cidade de Boa Vista. Os designers da Caiena, Bárbara Prestes e Murillo Perecinotto, receberam o desafio de criar e ministrar um treinamento sobre Design Thinking para os servidores públicos da prefeitura da cidade e utilizaram a abordagem para realizar a atividade. Por trás de seu sentido prático, podemos visualizar os pilares do Design Thinking de Kolko sendo aplicados – tanto pelos servidores, como pelos designers. A Bárbara e o Murillo nos contam melhor como foi a experiência:

Antes de aplicar um treinamento, precisamos entender o público para qual estamos nos direcionando. Para isso, aplicamos a etapa da empatia. Pudemos buscar informações sobre o público, além de usar nossas experiências e internalizações para abstrair um entendimento sobre os desafios que os servidores públicos de Boa Vista enfrentam no cotidiano.

Com o exercício, conhecemos alguns dos principais problemas da vida da gestão pública, como orçamento limitado, lentidão para tomada de decisões e burocracia em excesso. E, assim, vivenciamos a etapa de definição de problema, na qual entendemos que estes desafios geram um ambiente em que a solução criativa de problemas tende a não existir.

A partir daí, nos debruçamos para construir um treinamento que aproximasse a abordagem Design Thinking do cotidiano dos servidores e que demonstrasse caminhos e momentos em que ela poderia ser aplicada na gestão pública. No processo de ideação, tivemos vários insights e caminhos potenciais para seguir. A primeira escolha que fizemos foi mesclar teoria, apresentação de casos – tanto no âmbito da gestão, como em outros – e atividades para cada módulo aprendido.

Para obter um conjunto de atividades ideal, montamos uma estrutura programática que foi evoluindo naturalmente em um processo de prototipagem. Por fim, compreendemos que o ideal para o treinamento seria finalizá-lo com a materialização das atividades e dos conhecimentos construídos por meio da criação de um produto.

Com a estrutura e artefatos preparados, reunimos outros membros da Caiena e realizamos sessões de teste com a ótica dos participantes – pessoas que não conhecem a abordagem de Design Thinking e suas ferramentas. Assim, pudemos levantar questionamentos e identificar aspectos que deveriam receber mais atenção ou ser modificados.

O resultado final foi extremamente satisfatório e os servidores concluíram o treinamento com um projeto do qual se sentiram orgulhosos! A eficiência do uso de ferramentas do Design Thinking para a projeção de soluções aos problemas da realidade das pessoas é a maior prova do valor da abordagem. Ao mesmo tempo, esse resultado é uma realização para nós, designers, que projetamos e idealizamos o curso.

Case das galhadas:

Um dos cenários levantados durante o treinamento foi o das galhadas – as podas das árvores ficam nas ruas e calçadas de Boa Vista até que a prefeitura as recolham, prejudicando o trânsito, pedestres e gerando resíduos em vias públicas. Nas etapas de empatia e definição do problema, o grupo entendeu o sentimento de impotência da comunidade, listou os problemas relacionados ao cenário e escolheu um para resolver. Na ideação, os servidores seguiram o método da pior ideia possível. No caso, escolheram como solução jogar as galhadas na casa do vizinho. A partir da discussão sobre essa ideia, nasceu um grande projeto: utilizar terrenos baldios como pontos de coleta das galhadas. Mais do que isso, o grupo idealizou um ciclo: moradores levam suas galhadas para os pontos de coleta; as galhadas são transformadas em adubo para as propriedades de agricultura familiar da região; os alimentos produzidos são comercializados nos mercados dos bairros; e quem contribui utilizando os pontos de coleta ganha cupons de desconto para a compra desses alimentos.

Na etapa de prototipação, os servidores construíram uma maquete para simular o ciclo que idealizaram, e puderam refinar algumas das ideias. Normalmente, uma prototipação real deveria ser feita em um projeto piloto, mas a produção da maquete permitiu a materialização do projeto.

Com isso, chegamos ao fim da série sobre Design Thinking! Por meio dos textos, nos propusemos a transmitir uma possibilidade de entendimento sobre a abordagem que não se encerre no seu uso como um método imutável. Você pode conferir os dois primeiros posts da série aqui: Compreendendo Design Thinking por meio da história do design e Como os pilares do Design Thinking foram construídos na história?.


Texto por:
Rebeca Bissoli Silvestre e originalmente publicado no Caiena Blog.

Avaliação do Ecossistema Empreendedor de Campinas está disponível em ebook

A Campinas Tech lança hoje, 05 de julho, a Avaliação do Ecossistema Empreendedor da cidade de Campinas-SP, realizada durante o mês de maio pelos seus voluntários do grupo de trabalho Ambiente Regulatório.

O grupo de trabalho Ambiente Regulatório se propõe a estudar as regras e as obrigações a que todo empreendedor está sujeito com o propósito de criar, em conjunto, soluções que tornem mais ágil e descomplicado o ambiente regulatório do município, impactando positivamente no desenvolvimento socioeconômico local.

Com isso, o relatório apresentado no ebook tem como objetivo apresentar o resultado da pesquisa de avaliação do ambiente regulatório realizada a partir da coleta de dados via questionário disponibilizado aos membros da Campinas Tech durante o mês de maio.

O questionário teve como propósito a identificação das principais dores do ecossistema empreendedor de Campinas com o intuito de, ao final, realizar a elaboração de Políticas Públicas voltadas ao fomento de medidas que visem o desenvolvimento socioeconômico da região.

O trabalho teve coordenação de Rogério Peres e edição de Graziela Brandão. Os membros que auxiliaram no resultado deste relatório foram: Carolina Andrade, Darcy Júnior, Fábio Pezzotti, Graziela Brandão, Juliana Moura Pires, Lucas Neves, Leonardo Archiere, Leiry Piva, Renato Dahlstrom Hilkner.

Faça o download agora mesmo!

 

Como os pilares do Design Thinking foram construídos na história?

Foto por Patrick Schöpflin no Unplash.

Nesse segundo capítulo da série "Compreendendo Design Thinking por meio da história do design" vamos contar como o Design Thinking surgiu. O autor Jon Kolko traz a explicação por um viés bem contextualizado. Em sua visão, não há um “big bang” que deu origem à abordagem, mas diversos acontecimentos ao longo da história do design que resultaram em uma maneira específica de pensar por parte dos designers, ou o que ele chama de pilares do Design Thinking:

À medida que os profissionais da área passaram a atuar em organizações, o design se tornou mais democrático. Ou seja, diminuiu-se a distância que havia entre designers e usuários/não-designers. Estas pessoas foram inseridas no processo em um movimento de participação, colaboração e emancipação. Os designers, em contrapartida, tiveram seu papel um pouco modificado, pois também se tornaram facilitadores do processo criativo. O funcionamento da nova lógica exigiu uma relação emocional e colaborativa verdadeira entre as pessoas envolvidas, o que resultou no primeiro pilar do Design Thinking: a empatia, ou seja, a aptidão para desenvolver conexão emocional com usuários/não-designers e criar uma colaboração significativa com eles, transformando-os em co-designers.

Nas décadas de 1950 e 1960, muitas pesquisas se dedicaram a entender como as pessoas resolviam problemas. Alex Osborn, por exemplo, coloca o design como uma maneira divertida, ilógica, criativa e não racional para tal. Em sua teoria, criou o famoso brainstorming – encontro de pessoas para pensar em ideias. As regras são não criticar, focar em quantidade, aceitar qualquer ideia e construir a partir delas. Donald Schön, por sua vez, entende que o pensar e o fazer se complementam e estabelecem limites entre si. A partir do seu enquadramento, o designer identifica problemas no que está criando e faz algo novo para resolvê-los, o que gera novos problemas e assim por diante. O autor Vilém Flusser também aborda o fenômeno, intitulado por ele como “dialética interna da cultura”, em seu livro “O mundo codificado”. No estudo, ele frisa a responsabilidade do designer ao desenhar soluções, já que elas virão a ser novos obstáculos no futuro. Pesquisas como essas levaram ao segundo pilar do Design Thinking: habilidade de explorar problemas de diversas maneiras, sejam lógicas, ilógicas, lineares e divergentes, com a capacidade de transitar entre elas livremente.

As décadas de 1970 e 1980 deram início ao pensamento sobre usabilidade. Com a difusão da rede de computadores nas organizações, percebeu-se que a falta de usabilidade gerava mais gastos. A solução da época foi mapear o comportamento humano em detalhes – cada tecla pressionada e decisão cognitiva – para identificar as ineficiências, o que se mostrou ser algo extremamente complicado de se aplicar. Já com a popularização dos computadores além do ambiente corporativo, outras maneiras mais interessantes de melhorar a usabilidade apareceram. Uma importante foi o teste: assistir aos usuários utilizando o produto ou o serviço ao invés de se basear em teorias para encontrar os problemas em usabilidade. Na década de 80, o protótipo foi uma ferramenta desenvolvida para melhorar o teste. A capacidade de construir um modelo de produto/serviço com o máximo valor possível e que possa ser testado com rapidez tem sua relevância até hoje. A evolução acerca da usabilidade deu origem ao terceiro e último pilar do Design Thinking: criar produtos/serviços com alto nível de fidelidade com os usuários, a partir de testes e protótipos para entender o que as pessoas querem e para entregar valor.

Ao mesmo tempo em que as ideias acima surgiram, outra perspectiva sobre o Design Thinking emergiu – o design, em sua função de resolver problemas, como um fenômeno cultural. Por meio dele é possível experienciar e otimizar o mundo em um processo que valoriza a história, o significado e a condição humana.

As críticas ao Design Thinking

Existem estudiosos e designers que não enxergam o Design Thinking como algo tão positivo. Entre as críticas de profissionais relevantes, como Natasha Jen, da Pentagram, Lee Vinsel e o próprio Jon Kolko, é problematizada a maneira como se usa a abordagem (o modo de pensar do designer). De acordo com eles, um conceito complexo, natural – e desordenado, como afirma Jen – é aplicado como um método simples, engessado e alienado do contexto histórico. O que o grupo alerta é que o uso comercial do Design Thinking pode desprendê-lo da essência do design, que mescla a atitude de melhorar uma situação com foco nas pessoas, conceitos intelectuais e a ação de criar “coisas”, de fato.

"In the end, Design Thinking’s not about design. It’s not about the liberal arts. It’s not about innovation in any meaningful sense. It’s certainly not about ‘social innovation’ if that means significant social change. It’s about COMMERCIALIZATION." Vinsel, L. Design thinking is kind of like syphilis—it’s contagious and rots your brains.

“No fim, Design Thinking não é sobre design. Não é sobre artes liberais. Não é sobre inovação em nenhum sentido significativo. Com certeza não é sobre ‘inovação social’ se isso significa mudança social significativa. É sobre COMERCIALIZAÇÃO”. Tradução livre.

No terceiro e último capítulo da série, vamos materializar o que pensamos sobre o assunto com o exemplo do treinamento de Design Thinking para os servidores públicos de Boa Vista (RR), no âmbito do projeto Observatório de Gestão Pública de Boa Vista (OBV), um portal que permitirá que a população acompanhe os gastos e atividades das secretarias municipais da cidade de Boa Vista. Ah, se você quiser conferir o que vimos no primeiro capítulo “História do design – do foco no consumo para o foco no usuário” é só clicar aqui!


Texto por:
Rebeca Bissoli Silvestre e originalmente publicado no Caiena Blog.