Contrato de Vesting como forma de retenção de talentos

Contrato de Vesting como forma de retenção de talentos | Foto por pressfoto no Freepik.

Muito utilizado por Startups, o contrato de vesting tem se mostrado uma excelente opção de retenção de talentos.

Nessa modalidade de contrato, o colaborador pode adquirir quotas da empresa, cumpridos alguns requisitos ou após transcorrido certo período.

Daí o nome vesting – oriundo da língua inglesa – to vest, que significa vestir. É uma excelente opção para incentivar a permanência de bons empregados, especialmente quando não há orçamento suficiente para pagar salários atrativos.

Como funciona na prática

Suponhamos que a Startup precisa contratar um desenvolvedor de alto nível, mas não possui condições de pagar o salário de mercado. Nessa situação, ela pode se utilizar do contrato de vesting e oferecer uma fatia da empresa, mas, o empregado só poderá de fato se tornar sócio após transcorrido certo prazo ou cumprir alguma meta. A opção de compra das quotas também pode ser feita de uma única vez ou de forma progressiva (ex. após 2 anos de contrato de trabalho, o empregado pode optar por adquirir 6% da empresa ou realizar a compra de 3% a cada ano trabalhado, limitado a 6% do capital social).

Existe também a possibilidade de oferecer a opção de compra das quotas por marcos e metas, chamada de milestones.

Vesting para sócios

O vesting também pode ser firmado com sócios.

Imagine que um dos sócios fundadores detém 10% do capital social, porém, abandona o projeto em apenas 6 meses. Mas, ao longo do tempo, a Startup cresce e passa a valer milhões no mercado. Então o sócio que havia se desligado ressurge e reclama os 10% de suas quotas.

Não parece justo que o sócio que abandonou o projeto receba por algo que ele não contribuiu, certo? Nesse caso, a melhor solução é utilizar o vesting para que o sócio vá adquirindo progressivamente as quotas após cumpridas certas metas e prazo.

Assim, o sócio retirante apenas fará jus às quotas de acordo com a progressividade de sua participação durante o período em que foi sócio ou, ainda, poderá perder suas quotas, caso deixe de atingir as metas estabelecidas – vesting reverso[1].

Riscos envolvidos

É importante que o contrato de vesting seja bem redigido, caso contrário poderá trazer muitos embaraços para a Startup.

Um dos pontos que devem ser observados é que a aquisição de quotas não pode ocorrer a título gratuito. Se não estabelecido um preço para a aquisição das quotas, a operação pode ser interpretada como contraprestação ao serviço (salário) e obrigará a Startup a pagar todos os tributos trabalhistas, fiscais e previdenciários incidentes.

É importante destacar que a elaboração de um contrato de vesting deve seguir as peculiaridades de cada negócio. Fuja de contratos genéricos.

Portanto, é fundamental que a Startup contrate assessoria jurídica especializada para a orientar e acompanhar todo esse processo, que envolve estudo prévio e tomada de decisão estratégica.

Neste cenário, conte com  a ajuda do Nunes e Alves Advocacia.


[1] “Por meio desse contrato, o colaborador ou co-fundador recebe suas ações/quotas antecipadamente, isto é, desde o momento em que entrou na empresa. Se as determinações preestabelecidas no contrato não forem cumpridas, as ações/quotas poderão ser recompradas pela empresa, normalmente pelo mesmo valor que o colaborador pagou”. (DIAS, Caue Fernando. A perda de participação societária imposta pelo vesting reverso no sistema societário brasileiro. 2019. p. 46. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2019).


Redação por:
Thamiris Nunes e Alves, advogada e sócia-fundadora da Nunes e Alves Advocacia.

(este texto foi duplicado e originalmente publicado no blog da Nunes e Alves Advocacia)

Governança e Compliance para Startups

Governança e Compliance para Startups | Foto por drobotdean no Freepik.

Não é de hoje que tocar uma empresa no Brasil é um grande desafio, não importando o tamanho dela (pequena, média ou grande). É contabilidade, impostos, contratação, demissão, impostos, licenças, alvarás, impostos, declarações, demonstrações... Ah! eu já falei impostos?!

Muitas vezes os fundadores de uma startup começam bem, super empolgados e envolvidos com sua inovação e seu projeto, até que de repente temos as indagações como: você já revisou seu contrato social? Quais atividades você vai exercer? Qual será opção tributária Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real?

E daí pronto, a energia desses empreendedores começa a ser compartilhada e tragada para os trâmites da pessoa jurídica. Quando não, fica esse item negligenciado através de delegação (ou muitas vezes “delargação” à terceiros) que passam a gerir o patrimônio de sua empresa de forma despersonalizada gerando riscos fiscais, financeiros, tributários ou trabalhistas.

Diante desta situação, todos os anos de energia e construção podem ser desperdiçados em autuações fiscais ou então passivos identificados por grupos de investidores ao avaliarem seu negócio na busca de um valor para sua empresa (Valuation). E acreditem, já vimos casos de desvalorizações milionárias por passivos não identificados previamente.

Senhoras e senhores, vamos lá, por que isso acontece?

Há um fator histórico muito importante de ser analisado aqui. De forma bem resumida, as pequenas e médias empresas no Brasil gerem seus negócios por fluxo de caixa. Se tem dinheiro no caixa, bom sinal; se falta, é um problema; mas se repôs, vida que segue. E não é bem assim.

A contabilidade de uma startup deveria ser o principal instrumento de análise dos sócios da empresa, principalmente uma startup que tem os números todos na mão e uma contabilidade bem simplificada (aqui entende-se enxuta enquanto estrutura e não que ela seja fácil).

É com a contabilidade que os fundadores e gestores de uma startup poderão verificar o crescimento patrimonial dos seus ativos intangíveis, tangíveis, seus recursos financeiros, e finalmente seu lucro!

Mas como dito anteriormente, sempre que converso com o fundador de uma startup e pergunto como anda a gestão da sua empresa, suas demonstrações contábeis, etc...a resposta é padrão: “Ah, eu pago tudo certinho, tenho um contador muito bom, não tenho problemas com impostos, pago tudo certinho.”

Ora meus caros, contabilidade é um dos principais instrumentos da Governança e espinha dorsal do Compliance. Sua contabilidade interna ou seu contador externo é muito mais, mas muito mais mesmo, do que apurador de impostos e folha de pagamento.

Ele deveria ser um dos seus maiores conselheiros, pois ele acompanha o dia a dia da sua empresa, cada investimento, cada lançamento, cada ato ou fato que afetam seu lucro ou prejuízo da cia, cada item que aumenta ou consome o patrimônio da sua startup.

Assim, lhes digo se você não analisa mensalmente ou trimestralmente seus balancetes me atrevo a dizer que você não está acompanhando devidamente os números da sua startup. Feito todo esse preambulo, vamos ao cerne dessa publicação.

Governança e Compliance para Startups

A Governança e o Compliance serão um instrumento de gestão e valorização da sua startup se você quebrar o primeiro paradigma corporativo da sua cabeça: “Mas Governança e Compliance não são instrumentos de gestão para grandes empresas e multinacionais listadas na bolsa?”

NÃO! Desculpem a energia na afirmação, mas é porque se faz necessário quebrar esse tabu mesmo. Temos que ter orgulho em falar que nossa startup tem instrumentos de Governança e Compliance.

Para tanto vamos para a prática. Como implantar isso em sua empresa?

Por óbvio as pequenas e médias empresas trabalham com uma gestão de recursos financeiros e investimentos em consultorias especializadas bem enxuta. Por muitas vezes, não se cogita contratar consultores especializados no assunto com receio do custo desse investimento.

Porém, hoje com as soluções de consultorias digitais, isso está mudando significativamente. Independente de possuir ou não uma consultoria externa, a empresa precisa adotar as políticas de Governança e Compliance.

Isso pode vir de um investimento acompanhado de Smart Money ou seguindo os procedimentos abaixo:

  1. Eleja um sócio ou colaborador responsável pela Governança e Compliance;
  2. Mapeamento dos instrumentos indispensáveis para alta gestão (sugestões):
    1. Balanço anual;
    2. Balancete mensal;
    3. Fluxo de caixa (cash flow);
    4. CND´s (certidões negativas);
    5. Análise de indicadores de lucratividade e financeiros.
  3. Adote políticas de processos e procedimentos nos principais departamentos:
    1. Financeiro (com alçadas, procurações, tokens, ...);
    2. Compras e Suprimentos (políticas de requisições, aprovações, cotações, ...);
    3. Jurídico (confidencialidade -NDA, LGPD, proteção dos códigos, ...).
  4. Estabeleça uma reunião mensal, trimestral ou no máximo semestral sobre o tema.

Após a evolução dessa primeira fase e conforme o crescimento da estrutura organizacional da startup e a maturidade da empresa, poderemos avançar os estágios da Governança indo sentido a criação de Conselhos, Planejamentos Estratégicos, KPI´s (indicadores de desempenho), bônus e PLR, entre inúmeros outros instrumentos de Governança.

Muitos me perguntam: e qual o fim disso? O fim não sei, mas o novo começo seria uma maturidade tal que a empresa, se assim for a intenção de seus gestores, alcance o IPO (Initial Public Offering), sendo essa a oferta pública de ações; alçando voos ainda mais altos; sendo essa uma crescente tendência no mercado brasileiro se comparado aos mercados internacionais.

Assim meu caro startupeiro, saiba que a implantação da Governança na sua empresa pode e deve ser feita desde o início. Dessa forma, facilitando toda sua caminhada empreendedora independente do seu tamanho, chegando a rodadas de investimento com segurança das informações para uma Due Diligence ou um Valuation sem muitas ressalvas ou surpresas. Mas, principalmente, para que você tenha tranquilidade na gestão de seu patrimônio e que você possa focar naquilo que sua empresa veio solucionar no Brasil e no Mundo!


Redação por:
Lincoln Diones Martins, Sócio na Voilier Auditoria e Consultoria Empresarial.

Mapeando o Ecossistema de Campinas

Campinas recebe cada vez mais destaque como um importante polo tecnológico e industrial, rompendo fronteiras regionais e até mesmo nacionais.

Seja pelo Sirius, a mais complexa infraestrutura científica já construída no país e uma das primeiras fontes de luz síncrotron de 4ª geração do mundo; ou o Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável, iniciativa ousada que está sendo planejada pela Unicamp; é preciso enaltecer todo um ecossistema que gera - e muito - valor para a cidade.

Vista de drone da região central de Campinas (2020) | Foto: Acervo Campinas Tech | Divulgação.

A importância do Ecossistema

Recentemente classificada pelo IBGE como metrópole, Campinas detém valores bastante expressivos. Só no ano passado (2019), a cidade foi eleita como a mais inteligente e conectada do país e seu PIB atingiu o maior nível dos últimos cinco anos.

Neste cenário, o setor de serviços concentra a maior fatia do PIB e o área de tecnologia tem importante participação neste feito.

Tais resultados são fruto de esforços conjuntos de vários atores do ecossistema: poder público, instituições de ensino e pesquisa, indústrias, pequenas e médias empresas, além de startups.

Se tratando destas últimas, Campinas é a segunda maior cidade do estado em número de startups. De acordo com o levantamento da Abstartups, são 144 empresas deste estilo na região, ficando atrás apenas da capital.

Todos esses dados mostram como o ecossistema se comporta de maneira viva, mas também muito volátil. Por isso, é preciso criar maneiras de documentar e analisar seu comportamento, além de monitorá-lo constantemente.

Com esse fim, ao longo dos últimos meses, uma frente de trabalho voluntária da Campinas Tech, comandada por Emerson Silva, resolveu criar o mapeamento do ecossistema.

O Mapeamento

A partir de um trabalho altamente colaborativo, a Campinas Tech disponibiliza a partir de agora uma plataforma para mapear os atores de tecnologia de Campinas e Região.

Basicamente, o mapeamento reúne startups, instituições de ensino, centros de pesquisa, universidades, grandes empresas e startups que exercem atividades baseadas em desenvolvimento tecnológico.

A plataforma utiliza um sistema similar ao Google Maps e busca oferecer um levantamento mais real e atual sobre o setor tecnológico. Construída sob open source, a plataforma é aberta para quem quiser colaborar na construção e aperfeiçoamento de seus recursos.

Benefícios da plataforma

Mais do que um simples depósito de dados do ecossistema, o mapeamento nos permite fazer várias análises sobre o seu comportamento.

Analisar a distribuição geográfica do seus atores pode ajudar na elaboração de políticas públicas e no aperfeiçoamento do ambiente regulatório, por exemplo. Ou então, visualizar a concentração de startups de dado segmento pode atrair mais investidores. As possibilidades são inúmeras.

Memória & Cultura Empreendedora

Além de mapear os agentes institucionais, o plataforma também disponibiliza uma aba que faz um panorama das principais ações e pessoas do ecossistema que contribuem para que Campinas tenha um passado, presente e futuro atrelado ao empreendedorismo e inovação.

São listados, por exemplo:

Dessa forma, o mapeamento não só traz dados, mas cumpre o papel de mostrar que tecnologia, empreendedorismo e inovação já são aspectos inerentes à cultura campineira.

Confira o Mapeamento agora mesmo!


Redação por:
Felipe, da Campinas Tech.

Startup: tudo o que você precisa saber

Startup: tudo o que você precisa saber | Foto por cookie_studio no Freepik.

O termo “startup” no Brasil começou a ser utilizado só entre 1996 e 2001. Apesar de usado nos EUA há várias décadas, só nessa época o termo ficou conhecido por aqui. E os vários conceitos e significados começaram a aparecer.

Alguns autores denominam startup como qualquer pequena empresa em seu período inicial, outros defendem que uma startup é uma empresa inovadora com custos de manutenção muito baixos, mas que consegue crescer rapidamente e gerar lucros cada vez maiores.

No entanto, há uma definição mais atual, que parece satisfazer a diversos especialistas e investidores: uma startup é um grupo de pessoas à procura de um modelo de negócios repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza.

E como funciona? A minha empresa é uma?

Essa é uma pergunta que sempre recebemos: “eu sou uma startup?

O ponto de partida de toda startup é criar uma solução inovadora para um problema que ainda não foi devidamente solucionado pelo mercado. As pessoas confundem “ser” uma startup com “ter uma cultura de startup”, mas isso é papo para outro dia.

Para auxiliar na definição do modelo de negócio das startups, recorremos a alguns autores e seus livros:

Business Model Generation, de Alexander Osterwalder e Yves Pigneur

O modelo apresentado na obra recebe o nome de Business Model Canvas e auxilia empreendedores a transformarem suas ideias em ações. A estrutura passa pela segmentação de clientes, proposta de valor, escolha de canais, estratégias de relacionamento, fontes de receita, atividades e parcerias-chave.

Startup Enxuta, Eric Ries

No livro, Ries transforma ideias nos chamados Produtos Mínimos Viáveis (MVP), que representam o menor produto capaz de percorrer o ciclo de feedback com o menor esforço e de forma mais rápida.

Nesse modelo, a empresa cria uma cultura de experimentação junto ao cliente, escutando suas necessidades para oferecer o melhor produto possível sem desperdiçar nenhum recurso.

Primeiro a ideia é transformada em produto, depois a reação dos clientes é medida e, então, a empresa aprende como direcionar seus esforços para o sucesso.

Esse é um dos motivos que o modelo organizacional das startups se diferencia das empresas tradicionais: seu crescimento se baseia na aprendizagem e experimentação contínua.

Dicas para criar uma startup de sucesso

Uma das grandes vantagens em criar uma startup de sucesso no Brasil é a possibilidade de vencer a instabilidade econômica e prosperar em qualquer período – mesmo com sinais de crise.

Um exemplo claro, foi que em 2020, de acordo com estudo da ACE, uma aceleradora de negócios de tecnologia de São Paulo, cerca de 15% das startups brasileiras aumentaram as vendas por causa da pandemia.

Confira algumas dicas que selecionamos para te ajudar a criar uma startup e se juntar nesse time:

  • Não confie na ideia, faça conexões

Boas ideias são a essência das startups, mas elas não fazem milagre sozinhas.

Por isso é muito importante você conversar com diferentes pessoas e participar de eventos e mentorias. Não tenha medo de roubarem sua ideia, o que vale é a capacidade de execução.

Outro ponto importante é a validação. Você só vai conseguir validar seu produto conversando com os potenciais clientes!

Atente-se muito na fase de validação, isso vai te poupar tempo e dinheiro nas próximas fases.

  • Contrate pessoas melhores que você

Boa parte do sucesso das startups está na equipe, que concentram talentos excepcionais em uma estrutura de proporções reduzidas.

Por isso, você precisa garantir que está trabalhando com os melhores profissionais da área.

Além disso, se atente ao sócio: habilidades complementares fazem toda a diferença.

  • Seja ágil e busque apoio

Se você encontrou um modelo que está funcionando, é hora de colocar o pé no acelerador. Esse é momento mais indicado para a busca de capital para crescimento do negócio.

É importante você construir uma estratégia de “Go To Market” que estabeleça os melhores canais, regiões e o passo‐a‐passo das ações, buscando maximizar seu crescimento.

Então, vamos recapitular: uma startup é um grupo de pessoas de perfil de empreendedor, caracterizado pela autonomia, dedicação e risco, à procura de um modelo de negócio repetível e escalável, normalmente apresentado em um cenário de incertezas.

Agora que você entendeu o que é uma startup, e recebeu algumas dicas de como criar uma, que tal se aprofundar mais e descobrir como criar a sua?

Nós criamos um programa que vai te ajudar a entender o passo a passo para criar uma startup de sucesso. Você vai aprender com empreendedores do ecossistema que já passaram pelas mesmas dores que você! Conheça o Startup Daily!

  • Vou conseguir investimento com minha ideia?
  • Como fazer um pitch matador?
  • Qual a parte jurídica mais importante que eu devo saber no início?
  • Como organizo a gestão no início da startup?
  • Essas e outras dúvidas de qualquer empreendedor você acompanha no:


Redação por:
Maíra Rodrigues, Head of Staff da Campinas Tech.