Black Founders Fund: conheça o investimento para startups lideradas por pessoas negras

Black Founders Fund: conheça o investimento para startups lideradas por pessoas negras | Foto por Freepik.

A diversidade racial parece finalmente ter subido mais degraus no mundo corporativo. O Google trouxe recentemente o Black Founder Fund, que investirá em startups fundadas e lideradas por empreendedores negras e negros no Brasil, sem demandar participação acionária.

Isso quer dizer que o Google será um aliado no progresso dos negócios, mas não será sócio formal nem terá algum tipo de retorno financeiro sobre eles.

O objetivo, segundo o gigante das buscas, é ampliar a diversidade racial no ecossistema de startups e preencher essa lacuna de mercado, já que cerca de 30% dos empreendedores negros afirmam que tiveram crédito negado sem nenhuma explicação.

A dificuldade em receber crédito para seu negócio é uma realidade enfrentada por essas pessoas. A maioria deles iniciou seus negócios com poupança própria ou de familiares e amigos, segundo o estudo “O Empreendedorismo Negro no Brasil”, realizado pela organização PretaHub, uma das parceiras do Fundo, junto a Plano CDE e JP Morgan.

O Black Founder Fund disponibilizará R$ 5 milhões para investir em 30 startups dentre as que atendam os requisitos de:

  • Possuírem em seu quadro societário fundadores ativos que se autodeclaram negros;
  • Serem constituídas e em operação no Brasil;
  • Utilizarem a tecnologia como base da sua solução;
  • Estarem em busca de investimentos em estágio seed.

O estágio seed diz respeito a startups que já tenham um negócio em operação, ou seja, que já possuam um produto lançado com alguns usuários e possíveis clientes. Dessa forma, a empresa deve estar buscando atingir mais um nível de desenvolvimento. A recomendação é que se a empresa ainda não tiver um produto concreto, busque essa consolidação inicial, com um MVP, por exemplo, antes de se inscrever no programa.

O Black Founder Fund é um programa associado ao Google for Startups. Assim, as empresas investidas pelo fundo poderão ser chamadas para outros programas relacionados a startups pelo Google, receberão créditos em produtos da companhia e contarão com uma rede de mentores para ajudar nos seus desafios.

O Google afirma que os investimentos começaram em setembro deste ano e as rodadas se estenderão pelos próximos 18 meses. Se a startup atender aos requisitos, poderá se inscrever no formulário presente no link. No momento da redação desta matéria, o formulário encontrava-se encerrado, mas com possibilidade de reabertura nos próximos meses.

Conheça algumas startups fundadas por negros no Brasil

Conheça as 3 primeiras empresas que já estão recebendo o investimento do Black Founder Fund:

Afropolitan

A Afropolitan é uma startup brasileira que trabalha com curadoria de produtos de grifes afro-urbanas do país. A empresa busca gerar um impacto social através do impulsionamento do trabalho de diversos afroempreendedores emergentes que conseguem ampliar seu trabalho pela visibilidade do portal Afropolitan.

São diversos produtos com viés cultural selecionados pela empresa, desde moda até literatura, artesanato, acessórios e muito mais. As vendas são feitas pelo e-commerce, em: afropolitan.com.br.

Creators

A startup Creators é um portal que reúne e conecta profissionais autônomos que atuam na indústria criativa a empresas em busca de freelancers, como: Art Directors; Copywriters; Creative Directors; Designers; Front-End Developers; 3D Artists; Backend Developers; UX Designers; Strategists; Filmmakers.

A startup conta em seu quadro de sócios líderes negras e negros.

Traz Favela Delivery

A Traz Favela Delivery atua para a comunidade com o intuito de realizar entregas para áreas periféricas sem distinção de local. A startup surgiu do fato de que, nos últimos anos, as áreas periféricas consumiram mais de R$ 100 milhões nos segmentos de alimentação, moda e outros produtos mas, alguns serviços de delivery não atendiam a esse público. Assim, sob o lema de “Delivery sem preconceito”, ela busca atender as periferias de Salvador (BA).

O app entrará em funcionamento em breve. Por enquanto, o site aceita cadastros de comerciantes e entregadores que desejem fazer parte da rede: www.trazfavela.com.br/.

Conclusão

O mercado só tende a ganhar com ações de inclusão e o tema tem movimentado diversas empresas.

O Magazine Luiza, por exemplo, recentemente, abriu um programa de trainee voltado apenas à contratação de pessoas negras. Apesar da polêmica em torno desta ação e do processo na justiça que ameaça a companhia, é importante refletir que a diversidade nas empresas não passa só por criar vagas inclusivas/exclusivas (apesar disso também ser relevante).

Iniciativas como a do Google são importantes por permitirem que o afroempreendedorismo possa escalar, se manter a longo prazo e fortalecer a presença de negras e negros nas posições de fundadores e CEOs, algo raro historicamente.

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Redação por:
Daniela Leite, redatora da Vindi.