Nascida literalmente dentro da Unicamp, a NeuralMind vem se destacando no mercado de inteligência artificial com o desenvolvimento de soluções para problemas complexos do setor, como o processamento de imagens e vídeos, análise de textos, detecção de fraudes, garantia de compliance e reconhecimento de padrões.

A empresa, que tem em sua fundação um pesquisador e professor titular da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) e uma ex-diretora da Agência de Inovação da Unicamp, recentemente tem atraído olhares para o ecossistema empreendedor campineiro graças aos reconhecimentos e títulos que vem recebendo. Hoje, saberemos um pouco mais dessa trajetória nesta entrevista concedida para a Campinas Tech.
1. Antes de mais nada, como nasceu a NeuralMind?
É fácil observar que algumas empresas ainda pecam em celeridade em determinados processos, pois ainda não passaram totalmente ou mesmo parcialmente por uma transformação digital. Isso não significa reestruturar toda a companhia de uma vez, mas passa por adotar soluções que rapidamente comprovam seu valor, com economia de tempo, de gastos, redução de erros e demonstram maior eficiência.
Dito isso, aplicações usando inteligência artificial se mostraram disruptivas em vários setores, como: jurídico, financeiro, compliance. A NeuralMind, alinhando pesquisa de ponta e um forte viés para negócios, como são as competências dos sócios, nasceu para fornecer essa tecnologia e atuar sempre na fronteira do conhecimento.
2. Qual tipo de solução a NeuralMind desenvolve para o mercado jurídico brasileiro?
A NeuralMind desenvolve soluções de análise de texto e imagens para o mercado jurídico, automatizando, reduzindo erros, dando subsídios a tomada de decisão ágil e precisa e facilitando processos. Nesse segmento há um grande volume de documentos para serem analisados, e sabemos que a capacidade humana de leitura contínua de diversos documentos é bem limitada. Nossa tecnologia é capaz de fazer o reconhecimento automático de documentos diversos, extrair essas informações de interesse, fazer buscas em bases públicas (diário oficial, por exemplo), classificá-las e fazer análises. No caso de uma publicação de andamento de processos, podemos ajudar os escritórios no monitoramento dos seus casos, identificando informações que identifiquem facilmente para os advogados em que casos eles precisam tomar alguma ação.
3. Vocês são, atualmente, uma das “Empresas Filhas” da Unicamp mais reconhecidas. Hoje, residem no Polo Tecnológico da Universidade. Como é a relação de vocês com a Unicamp e qual o impacto que estar inserido nesse meio, inclusive fisicamente, tem para o negócio?
Temos um relacionamento muito próximo com a universidade, pois vemos muito valor nessa interação. Nosso CTO, Roberto Lotufo, é professor aposentado da Unicamp e continua como professor colaborador, ministrando uma disciplina de deep learning. Não à toa, quase 100% dos nossos profissionais são mestrandos, mestres, doutores e pós-docs advindos da Unicamp. Estamos também engajados em firmas cooperações com os docentes da faculdade, que fazem pesquisa de ponta e podem nos ajudar a avançar ainda mais rápido.
Estar dentro do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp também é um grande diferencial, porque além de respirar esse ambiente de pesquisa e inovação, estamos em permanente contato com outras empresas, o que nos permite fazer mais parcerias e negócios.
Além disso, a Inova Unicamp, gestora do Parque, nos dá um apoio ímpar e muito profissional em nossa trajetória empreendedora.

4. Inteligência Artificial e Deep Learning, no geral, são áreas em desenvolvimento e crescimento exponencial, sem dúvidas. Como vocês se enxergam hoje nesse meio?
Somos uma empresa que trabalha na fronteira do conhecimento para conseguir entregar ao mercado as melhores soluções em aplicações de Machine Learning e Deep Learning. O mercado está muito atento a esse tipo de solução, pois aplicações dessas tecnologias têm causado disrupções em vários segmentos. A NeuralMind se propõe a cooperar com essas áreas, trazendo soluções de impacto para o mercado.
Recentemente, conseguimos traduzir o mais recente algorítimo do Google, BERT, para o Português. Fomos os pioneiros a conseguir essa difícil conquista, que vai ajudar a comunidade acadêmica e empresarial nacional. Com isso, o reconhecimento tem vindo do mercado: triplicamos nosso faturamento em 2019, recebemos vários prêmios e estamos no ranking top 10 em computer vision da 100 Open Startups.
5. Como vocês destacaram, a NeuralMind tem se destacado e sendo reconhecida em diversos prêmios e rankings de startups ( Top 100 da 100 Open Startups, Amcham Arena, LivDet e dentre outros). Que importância esses reconhecimentos têm para o negócio e qual o aprendizado que eles trazem para o dia a dia da startup?
Esses reconhecimentos mostram que estamos no caminho certo. Comprovam que academia e mercado devem andar juntos para que soluções mais inovadoras sejam incorporadas diariamente às empresas. Isso também nos traz muita visibilidade, pois é um selo que reafirma nosso bom trabalho.
6. No começo de dezembro, a NeuralMind foi a selecionada na área de Legal Print na 3ª edição da Thomson Reuters Accelerator Day no Brasil. Pode nos contar como foi esse processo?
Nos candidatamos ao desafio e passamos por etapas de entrevista. Apresentamos nossa solução de análise de dados jurídicos, capaz de gerar insights e ampliar a inteligência no processo de decisão. Selecionados na categoria de software jurídico. Fomos os únicos dentre 70 startups inscritas validados para PoC (prova de conceito, sigla que vem do inglês Proof of Concept) no setor jurídico , e caso seja bem sucedida já seremos fornecedores da Thomson.
Atualmente estamos realizando a PoC, acompanhados proximamente pelo time da Thomson. É um programa muito bem estruturado. Estar próximo a grandes empresas nos permite exposição a desafios mais complexos, ganhar escala e levar nosso produto a mais clientes.

7. Quais as expectativas a partir de agora com a NeuralMind sendo uma das selecionadas para o programa?
Nossas expectativas são muito positivas. Temos grande confiança de que essa será uma parceria que renderá muitos frutos. Como startup, desenvolver projetos em colaboração com grandes empresas nos permite aprender muito e escalar nossas soluções. Para elas, nós levamos a agilidade de uma startup no desenvolvimento de novas soluções.
8. A NeuralMind nasceu e continua residindo em Campinas. Vocês consideram que a cidade é um bom lugar para os que desejam iniciar um novo negócio?
Sim, sem dúvida. O ecossistema empreendedor de Campinas é um dos mais fortes do Brasil, e Roberto e Patricia têm orgulho de estar nesse ecossistema que ajudaram a criar. Campinas alinha uma série de fatores que são destacáveis: centros universitários de excelência, cinco parques tecnológicos, grandes empresas atentas à inovação e um berço de startups que cresce a cada dia. Isso, sem dúvida, faz da cidade um ecossistema pujante.
9. Pela experiência com a NeuralMind, o que a cidade oferece ou deveria oferecer como atrativo aos empreendedores?
Mão de obra qualificada é algo que salta aos olhos em Campinas. Com tantas universidades de ponta, conseguimos recrutar novos talentos com grande potencial e muito orientados à pesquisa e inovação. E com a grande excelência técnica do nosso CTO, conseguimos formá-los com excelência, mais rapidamente.
10. A NeuralMind faz parte da comunidade Campinas Tech. De que forma vocês veem iniciativas como a Campinas Tech no fortalecimento do empreendedorismo nas cidades?
O desenvolvimento de comunidade é imprescindível para fazer o ecossistema prosperar através da cooperação. O ecossistema de Campinas tem se desenvolvido muito e mostrado seu valor a nível nacional e internacional. As startups que aqui estão instaladas se beneficiam muito disso, à medida que mais ações são feitas, potencializando negócios locais.
Entrevista e Revisão:
Felipe, da Campinas Tech.