Conheça a história de Carlos Cera, CEO do PJBank, empresa do Grupo Superlógica, que oferece serviços financeiros para os empreendedores em uma plataforma digital que se integra ao software de gestão.
1. Como você começou a empreender?
Ainda cursava Computação na Unicamp, em 2001, quando fundei a Superlógica. A empresa nasceu como um software de gestão de condomínios e, no decorrer dos anos, evoluiu para um sistema completo de gestão recorrente, se tornando a desenvolvedora de ERP líder do mercado brasileiro. Além de Condomínios, passamos a atender os mercados imobiliário, educacional e SaaS (Software as a Service).
Fui durante muito tempo o CEO da Superlógica, elevando-a ao patamar de principal empresa focada em gestão recorrente (empresas que cobram mensalidades, assinaturas, aluguéis, condomínios, etc.). Assumi em 2018 a cadeira de CEO da conta digital para empresas PJBank, que faz parte do Grupo Superlógica. O foco do PJBank é transformar a vida das pequenas e médias empresas, trazendo facilidade nas operações bancárias.
2. Houve um “momento de virada” na construção do seu negócio?
Houve. Nos primeiros anos da Superlógica, crescíamos 35% ao ano. Eu e meus dois sócios Luis Cera e Lincoln Cesar, tínhamos uma operação saudável. No entanto, certa vez, ouvimos uma palestra de um empresário colega nosso, que tinha um objetivo não duas vezes maior e nem dez vezes maior, mas mil vezes maior que o nosso.
Isso nos impactou, voltamos para casa e pensamos: será que não estamos sendo subaproveitados? Será que o que fazemos poderia ser aplicado em outros lugares e causar um impacto maior? Essa reflexão fez com que repensássemos a empresa e colocássemos em prática uma estratégia potencialmente mais agressiva, que propiciou à Superlógica crescer de forma mais acelerada. Depois da virada, no primeiro ano, voltamos a crescer 35% e, no segundo, dobramos de tamanho. Já no terceiro ano, a Superlógica triplicou de tamanho e, neste ano, em 2018, vai dobrar de novo.
3. Poderia detalhar um pouco mais a sua trajetória empreendedora?
Depois do sucesso da Superlógica, vi outra oportunidade de mercado. O PJBank foi lançado no ano passado e é uma spin off a partir da Superlógica. Com esse novo empreendimento, quem assumiu a cadeira de CEO da Superlógica foi André Baldini, que antes ocupava o cargo de VP de vendas.
Com o PJBank, o empreendedor tem uma conta digital dentro do ERP. Desta maneira, a empresa pode receber com boleto e cartão, de forma simples, com tarifas menores que as praticadas pelo mercado. Além disso, pode pagar contas e funcionários, realizar saques e transferências. No ERP, o cliente terá acesso a todas as informações bancárias e poderá fazer movimentações com processos automatizados de remessa e retorno.
Se para pessoas físicas o banco do futuro estará no celular, para empresas, ele estará no sistema de gestão.
4. Quais foram os principais desafios que você precisou vencer ao longo desta trajetória?
Acreditamos que o maior desafio do PJBank tem sido construir uma nova cultura junto às empresas, de que elas não precisam de um banco tradicional para efetuar pagamentos e recebimentos. No PJBank temos este papel de educar o mercado para este novo conceito, que é a conta digital integrada ao sistema de gestão. Estamos mostrando essa nova alternativa: se o ERP e os bancos estiverem em um lugar só, todos sairão ganhando. Mas como toda mudança, leva tempo. Portanto, este é o nosso maior desafio: conscientizar o mercado da necessidade e urgência da adoção de uma conta digital na operação.
5. E como esses desafios foram enfrentados?
Na época em que eu estava na Superlógica, não nos conformávamos com a forma como os bancos tradicionais tratavam seus clientes. No entanto, ainda não era possível criar uma alternativa a este modelo tradicional. O sinal verde para que o PJBank pudesse nascer, anos depois, foi dado quando surgiu a legislação de arranjos de pagamento 12.865 de 2013. Foi uma oportunidade para as empresas de tecnologia, batizadas de fintechs, criarem soluções inovadoras para o mercado, com o objetivo de melhorar a qualidade dos serviços no setor financeiro.
Para criar o PJBank, fizemos uma parceria com os fundadores do Banco Confidence e da Brasil Pré-Pagos. Eles tinham vendido há pouco tempo o banco e estavam buscando uma forma inovadora de entrar no mercado novamente. A partir daí, a plataforma do PJBank foi sendo desenvolvida e integrada ao sistema Superlógica e a outros ERPs.
6. Quais as dicas que você dá para quem deseja iniciar um novo negócio?
É preciso estar disposto a fazer networking, frequentar eventos e não ter pudor em pedir ajuda de outros empresários que já trilharam o mesmo caminho. Não deixe de fazer testes a todo o momento e analisar os resultados para novas tomadas de decisão. Permita-se errar, mas não repita o erro.
7. O que a apresentação na 7ª Conferência Campinas Startups buscou oferecer aos empreendedores?
A Conferência trouxe cases e aprendizados importantes aos empreendedores, além de inovações e tendências que precisamos ficar atentos. É um encontro essencial para fomentar o ecossistema empreendedor e facilitar a troca de parcerias.
8. Você considera que Campinas é um bom lugar para os que desejam iniciar um novo negócio?
Considero Campinas um dos maiores polos tecnológicos do país, acho que o ecossistema da cidade é propício à proliferação de startups. Algumas das maiores empresas brasileiras do setor de tecnologia estão sediadas na cidade, entre elas, o complexo Polis de Tecnologia – com a Dextra e a Ci&T, por exemplo. A Dextra já trabalhou com clientes como Google, SBT e Kroton. A Ci&T já prestou serviços para Itaú, Honda e Coca-Cola. O Polis também abriga empresas como CPqd, Matera, Trópico e PadTec.
Outra grande empresa de tecnologia sediada em Campinas é a Movile. Com mais de 100 milhões de usuários ativos ao redor do mundo, a empresa tem serviços como o iFood (entrega de comida), Sympla (organização de eventos), PlayKids (para crianças) e Apontador. Outras empresas de tecnologia que estão localizadas na cidade são Algar Tech, Alure e Ícaro.
Em Campinas, também está instalado o Instituto Eldorado, referência no Brasil em pesquisa, desenvolvimento e inovação nas áreas de software, hardware, sistemas, processos, ensaios e testes de produtos eletrônicos. Além dessas empresas, temos gigantes com sede aqui e na região como a Bosch, GE, Samsung, 3M, Unilever e muitas outras.
Campinas abriga também centenas de empresas de software, como a Superlógica e a inGaia, referências em seus mercados de atuação. Nosso evento anual é outra mostra deste ambiente promissor: o Superlógica Xperience se consolidou como o maior evento de economia da recorrência da América Latina. No ano passado, o Xperience praticamente dobrou de tamanho comparado a 2017 e recebeu representantes de cerca de 900 empresas, de 21 estados do Brasil, totalizando 2,4 mil participantes.
9. Na sua visão, o que a cidade oferece ou deveria oferecer como atrativo aos empreendedores?
Como falei, Campinas é o maior polo de tecnologia do país e atrai empresas inovadoras, de vários lugares do país e do mundo, mas ainda sentimos falta de mais iniciativas locais que, a exemplo de empresas como a Superlógica, PJBank, Horizon4 e Assertiva - contribuam para gerar inovação disruptiva.
Por isso, além do Superlógica Xperience e Superlógica Next, temos também o Superlógica Labs, que promove encontros de tecnologia e empreendedorismo. O intuito é disseminar conhecimento para empresas, instituições e programadores e tornar o ecossistema de Campinas ainda mais forte. Entre os temas oferecidos pelo Superlógica Labs estão marketing digital, growth hacking, desenvolvimento, programação, design, UX, startups, entre outros.
Entrevista e texto por:
Adriana Roma - Há Propósito Comunicação