Da ciência da Química para catalisador do empreendedorismo

Azarite compartilha sua trajetória profissional e os indicadores da Venture Hub

José Eduardo Azarite - vice-presidente de Corporate Innovation da Venture Hub | Foto: Ariela Maier/Campinas Tech.

José Eduardo Azarite é vice-presidente de Corporate Innovation da Venture Hub, um hub de aceleração de startups e inovação corporativa que desenvolve e opera programas de aceleração e inúmeras ações de fomento ao ecossistema de inovação e empreendedorismo na Região Metropolitana de Campinas. Conheça um pouco mais sobre a história da Venture Hub e o que ela está fazendo para trazer mais inovação à nossa área:

Por que a Venture Hub foi criada?

O cenário econômico e de negócios atual no Brasil apresenta forte projeção para o surgimento e crescimento de startups e além disso oportunidades de trabalho serão cada vez mais geradas através do empreendedorismo. Empresas de todos os tamanhos cada vez mais percebem que a cultura de inovação interna e também a inovação aberta são fortes vetores de crescimento sustentável. Diante desse cenário, uma aceleradora de startups e inovação corporativa pode se posicionar e essa foi a oportunidade que a Venture Hub vislumbrou.

Por que Campinas foi escolhida como cidade de implantação?

Campinas/região é um forte polo com uma boa infraestrutura na área de educação, com a presença de importantes instituições de ensino e pesquisa, apresentando ativos intelectuais de alta qualidade e nível global. Da mesma forma, grandes empresas estão localizadas na região, com acesso a tecnologias competitivas a nível mundial.

Além disso, enxergamos como matéria-prima para nós, os empreendedores, e temos que estar em um lugar com pessoas querendo empreender e, preferencialmente, em negócios que possam ser escaláveis em uma visão global. Acreditamos que o ecossistema de Campinas é uma área extremamente fértil para geração de pessoas com mindset empreendedor, além de ser um celeiro de profissionais na área tecnológica.

O que a Venture Hub tem feito para promoção da inovação e empreendedorismo?

A Venture Hub apoia a realização de todas e quaisquer iniciativas que possam promover o amadurecimento do ecossistema de inovação e empreendedorismo. Por exemplo, promoção de eventos e meetups com temáticas tecnológicas em sua maioria, tais como, como Biotech, Blockchain, Investimento (em conjunto com a CampinasTech), Agtech, Inteligência Artificial, dentre outras iniciativas em parceria com outras instituições, comunidades ou empresas. Esses eventos acontecem de maneira a atrair os olhos das pessoas que gostam dessas áreas, aproximando investidores, pesquisadores e corporações que buscam por inovação e pessoas empreendedoras.

Também operamos e desenvolvemos programas de aceleração onde passam mais de 70 startups por ano. Um ótimo exemplo que ilustra esse cenário é o Founder Institute, maior aceleradora de StartUps em fase inicial do mundo, que é dirigido em Campinas pelos sócios fundadores da Venture Hub. Em adição a isso, temos outros programas de aceleração para estágios mais avançados na jornada de uma Startup.

Quantas empresas já passaram pela Venture para aceleração?

Ao todo, mais de 120 Startups já foram aceleradas desde a criação da empresa. Começamos como uma Venture Builder em 2016, num modelo mais customizado “caso a caso”, até que os sócios entenderam e aplicaram um modelo de escala. A partir daí os números cresceram substancialmente, com cerca de 30 Startups aceleradas em 2017, 50 em 2018 e estimadas 70 para 2019.

Quais são os parceiros da Venture Hub, e como vocês atuam em sinergia/parceria? Pode nos dar um exemplo?

Como atuamos de forma neutra em relação aos diferentes atores do ecossistema, as parcerias e a colaboração são fundamentais para o desenvolvimento do nosso negócio. Destaco como alianças institucionais principalmente a Fundação Fórum Campinas Inovadora e Campinas Tech.

No que tange educação, temos diversas parcerias com instituições de ensino, com destaque para Inova Business School, onde atuamos de forma conjunta na curadoria de Masters de extensão e pós graduação; PUC-Campinas, oferecendo cursos de extensão focados em ecossistema e empreendedorismo; Unicamp, com apoio aos programas de empreendedorismo focados em Inovação, como por exemplo o Desafio Unicamp. Além de outras instituições parceiras como Facamp, UFSCar, Mackenzie, etc.

Também temos parcerias relevantes com Institutos de Ciência e Tecnologia, tais como CPqD, atuando no fomento a áreas tecnológicas como Blockchain, IoT, AI, etc; Embrapa, com atuação forte em tecnologia para o Agronegócio; ICTS do qual somos parceiros em programas de aceleração de startups de base tecnológica, com ênfase em automação bancária e de processos industriais. Outros ICTs como Venturus, IAC, ITAL, etc., também estão em nossa rede de maneira bem ativa.

Existem planos de expansão para outras cidades?

A Venture Hub já está presente em San José, no Vale do Silício na Califórnia, onde já exercemos a conexão com ecossistemas locais e mundiais por meio de um spot proporcionado por um investidor da empresa. Temos intenção de expandir para outros ecossistemas "férteis" do país. Possuímos um modelo de Hub de Inovação que pode ser replicável e escalável para outros locais, já em avaliação.

Lendo um pouco sobre sua trajetória profissional, por que da formação em Química você quis seguir para a área de marketing e inovação?

Depois da minha formação em Química na Unicamp em 1983, fui pesquisador na área em uma instituição governamental, que foi privatizada em 1998. Foi então necessário a criação de uma área comercial, para a qual eu me preparei fazendo um MBA em Marketing e uma formação em “Processo Criativo”, as bases para o que atualmente denominam “Design Thinking”. Desta forma, me candidatei e acabei responsável pelo desenvolvimento de negócios, vendas e marketing da Fundação CPqD.

Em 2014, além de vice-presidente no CPqD, passei a ser presidente da Fundação Fórum Campinas Inovadora, que é uma instituição que busca promover o desenvolvimento regional através da inovação e do empreendedorismo. Foi nesse período que digo que “fui picado por um bichinho” que me fez perceber o poder do ecossistema organizado, enxergando em Campinas e região um território com forte vocação para o desenvolvimento baseado no conhecimento.

Comecei então a atuar institucionalmente para colaborar com o aprimoramento desse ecossistema. Vi que havia uma oportunidade forte para o futuro em me posicionar e estar presente e atuante com base em inovação aberta e empreendedorismo. Saí do CPqD em Janeiro de 2018, me tornando sócio na Venture Hub-Corp, onde sou um dos responsáveis pelas ações de inovação corporativa e da conexão do mundo das startups com as grandes empresas que veem nesse contexto a possibilidade de desenvolvimento de negócios, parcerias e investimentos.

A Química é a ciência das interações, pois todos os compostos químicos estáveis fazem boas “combinações” entre moléculas e átomos, e gosto de aplicar essa analogia ao atual mundo dos negócios e do trabalho, em que um ecossistema virtuoso é como se fosse resultado da “boa química” das interações entre as pessoas que estão nesse ecossistema.

Eu trouxe da Química a metáfora das boas interações, de modo que enxergo o networking como a química perfeita.

Quais foram e quais estão sendo os principais desafios da Venture Hub, seja na hora de acelerar empresas ou em outras ações?

Um desafio importante que temos é atrair bons empreendedores. Dizemos que uma boa ideia na mão de um mau empreendedor não vai resultar em bons negócios, mas uma ideia não tão boa nas mãos de um empreendedor de bom perfil, focado, assertivo e resiliente certamente tem maiores chances de sucesso. Queremos nos tornar o principal lugar onde bons empreendedores querem estar!

Outro desafio, é que o Brasil passa por um momento interessante. Muitos investidores têm olhado para nossos empreendedores com bons olhos, mas ainda temos um ambiente de negócios um pouco conturbado. Estamos sendo insistentes, em permitir que esses bons empreendedores “surfem” nesse ambiente conturbado, mostrando para eles que qualquer empreendimento que passe por aqui, tem que possuir uma visão exponencial e de internacionalização.

Quais os próximos passos da Venture Hub? Serão diferentes frentes das citadas anteriormente?

O nosso DNA tem a ver com startups e empreendedorismo, mas para chegar nessa relação com perfeição, temos que fazer a conexão desse mundo com o ambiente de negócios. Por isso, estamos agindo fortemente com inovação corporativa e metodologias ágeis, levando para as grandes empresas o jeito de pensar das startups, com programas de transformação cultural até a aproximação dessas empresas com startups para investimentos ou parcerias. Alguns dos nossos clientes são a L’Oréal, Philip Morris, AGV Logística, Scholle IPN, dentre outras.

Tem algum ponto importante e que deseja falar nessa entrevista que não foi abordado?

Acreditamos muito no papel que a Campinas Tech tem para turbinar a cultura empreendedora na região. Precisamos de uma instituição que atue na base da pirâmide, com ênfase nas boas práticas de ecossistemas em que a colaboração e a cultura do risco e da tolerância ao erro sejam pilares quase que “doutrinários”, abrindo espaço para o surgimento de muitos e muitos empreendedores. Por isso, 100% das ações da Campinas Tech são apoiadas pela Venture Hub, pois boas comunidades geram ambientes para geração de negócios.


Entrevista e texto por:

Por Ariela Maier – Redação do Campinas Tech.

Faculdade Anhanguera recebe Talk Show Empreendedor

Convidados durante o Talk Show Empreendedor na FAC IV | Foto: Há Propósito Comunicação/Campinas Tech.

O Talk Show Empreendedor foi recebido pelos alunos da Faculdade Anhanguera – Unidade IV (FAC IV) no dia 22 de maio, quarta-feira. Promovido pelo Campinas Tech, o vento é realizado em faculdades, universidades, escolas técnicas e de Ensino Médio da cidade. A iniciativa objetiva proporcionar um encontro com diversos empreendedores e especialistas, com o intuito de incentivar os estudantes a planejarem e empreenderem em suas carreiras.

Em sua quarta edição deste ano, realizada durante a Semana de Engenharia e TI da FAC IV, o Talk Show Empreendedor proporcionou um bate-papo com Douglas Akassaka, Diego Dascenzio, do Escritório de Engenharia Dascenzio, Marcelo Magalhães, da Montadora de Móveis Magalhães e ex-aluno da FAC, Rafael Collado, da Imobiliária Jazz e Wlademir Guilherme Jr., que são empreendedores na cidade de Campinas. O evento começou às 20h15 no anfiteatro da faculdade e foi aberto ao público.

As edições anteriores do Talk Show Empreendedor em 2019 já aconteceram na Unicamp, na PUC-Campinas e no Anglo Paulínia.


Redação por:

Há Propósito Comunicação, membro da comunidade Campinas Tech.

Vale da Eletrônica: breve relato sobre o procedimento de visitação técnica

Comitiva Campinas Tech e IRG na usina fotovoltaica, em Santa Rita do Sapucaí (SRS) | Foto: Campinas Tech/Divulgação.

 

No dia 14 de maio, houve a participação na comitiva organizada pela Campinas Tech para a visita técnica em Santa Rita do Sapucaí (SRS), com o objetivo de construir um projeto de feira de startups dentro do Hacktown , evento anual que acontecerá em setembro de 2019 e que tem como previsão receber de 6 a 7 mil pessoas em 2019.

A programação da visita iniciou com um café da manhã oferecido no Centro de Empreendedorismo e Inovação do Instituto Nacional de Telecomunicações (INATEL). Junto com a turma de Campinas, também participaram pessoas de São José dos Campos, ligadas ao Instituto Regeneração Global (IRG).O grupo foi recebido pelo Prefeito, Secretário de Cultura, professores do Instituto e organizadores do Hacktown.

O anfitrião Marcos David, após dar as boas-vindas, fez uma rápida introdução e logo em seguida, o Prefeito Wander W. Chaves, professor do INATEL, fez uma apresentação sobre a cidade e as principais políticas públicas que a levaram ao atual patamar de cidade criativa, tendo o Hacktown como um dos principais casos de sucesso.

Desta forma, Wander W. Chaves apresentou um pouco da história da cidade, que, a partir de seu passado cafeeiro, tornou-se o Vale da Eletrônica. O início dessa narrativa ocorreu na década de 1950, quando a visionária Sinhá Moreira, após ter viajado por diversos países e ter assistido uma palestra de Albert Einstein, decidiu investir sua fortuna e inaugurou a primeira escola técnica de eletrônica do Brasil, sendo esta a sexta do mundo na época. A partir dessa iniciativa, o governo federal construiu o INATEL na década de 1960, levando ao município o primeiro curso de Engenharia de Telecomunicações do Brasil. Em seguida, houve investimento municipal em uma faculdade com o curso de gestão voltada para micro e pequenas empresas de base tecnológica. Com essa formação, criou-se o "Vale da Eletrônica”, uma política pública para fomento do empreendedorismo em empresas e indústrias eletrônicas.

No momento seguinte, a cidade criou um arranjo produtivo local (APL), estimulando a cadeia produtiva do Vale da Eletrônica. Este arranjo adquiriu o destaque de uma das mais significativas experiências de APL do Estado de Minas Gerais. Há cerca de 7 anos, foi criado o programa Cidade Criativa, Cidade Feliz, uma espécie de incubadora para fomentar a economia criativa no município, uma política da criação e da invenção. Entre os objetivos do programa, estavam o crescimento das potencialidades da cidade, a mistura de culturas para gerar uma nova cultura mais dinâmica e contemporânea e a promoção da colaboração e da cooperação entre empresas, voluntários e poder público, sendo que a Prefeitura faz parte dos elos, porém, não se coloca como “dona do programa”.

O programa Cidade Criativa, Cidade Feliz, incentivou a criação de diversos outros projetos, sempre com a política da criação e da invenção, por meio da mistura entre cultura e tecnologia, tendo 4 eixos principais: tecnologia, empreendedorismo, cultura e ética e cidadania. Questões ligadas à autoestima e autoconfiança foram trabalhadas com a população em busca de outras formas de geração de riqueza e desenvolvimento local, para além da economia cafeeira e das indústrias.

Na sequência da apresentação do Prefeito, foi a vez do professor Antonio M. Alberti apresentar o projeto NovaGênesis sobre a internet do futuro e a economia das coisas e dos dados, trazendo conceitos e estudos que são feitos no INATEL. Após o almoço, o grupo conheceu a Escola Técnica de Eletrônica (ETE FMC), fundada por Sinhá Moreira e que hoje é administrada pelos jesuítas. Quem os recepcionou foi Eduardo Abranches, coordenador dos cursos técnicos, que apresentou a escola, passando pelo local onde será o evento da feira que será promovida em conjunto pela Campinas Tech e pela IRG, e seguindo para a usina fotovoltaica. O professor falou sobre as diversas feiras que acontecem ali há muitos anos, com destaque para a Projete, que neste ano ocorrerá em sua 39ª edição.

Comitiva Campinas Tech durante visita a ETE, em Santa Rita do Sapucaí | Foto: Campinas Tech/Divulgação.

Depois de percorrer grande parte dos prédios das escolas, houve uma reunião com mais apresentações e com mediação feita pelo Marcos David. Raul Cardoso, presidente do Campinas Tech, apresentou a organização e Fabiano de Paula Porto, presidente da IRG, também fez sua apresentação e falou sobre os 8 pilares de atuação da instituição: energia, água, alimentação, transporte, moradia, medicina, consciência e sistema.

Comitiva Campinas Tech em Santa Rita do Sapucaí (SRS) | Foto: Campinas Tech/Divulgação.

A feira de startups será realizada em uma parceria entre as duas entidades, sendo que caberá ao Campinas Tech a organização do evento e ao IRG a curadoria, dentro dos seus 8 eixos de atuação. A partir disso, serão criados grupos de trabalho colaborativos, para planejamento e divulgação. Os próximos passos serão anunciados em breve.

Atualização:
Saiba mais sobre a feira de startups do Hack Town que tem o apoio da Campinas Tech, a <Hello World/> Trade Show

Não deixe de inscrever a sua startup, é só clicar AQUI?


Texto por:
Maria Cecília Pires de Campos | Pâmela Santos (Edição).


Quer fazer parte dessa jornada no Hacktown conosco? Veja como em nossa campanha de patrocínio.

Campinas Tech promove Talk Show Empreendedor aos alunos do Anglo Paulínia

1º Talk Show de 2019, realizado na Unicamp em parceria com a Liga Empreendedora | Foto: Campinas Tech.

A Campinas Tech promove no próximo dia 18 de maio mais uma edição do Talk Show de Educação Empreendedora, cujo objetivo é incentivar estudantes a planejarem suas carreiras de maneira mais inovadora. O Talk Show Empreendedor será destaque no período da manhã durante a Mostra de Profissões, realizada pelo Colégio Anglo de Paulínia aos estudantes do Ensino Médio.

No dia 18, os entrevistados serão os empreendedores Leonardo Pinheiro e Adriana Roma. Leonardo é o mais novo associado da Campinas Tech, organizador do Startup Weekend, e falará sobre os desafios pela busca de soluções inovadoras na carreira e também sobre sua experiência como Project Leader à frente da CPFL Energia. Já Adriana é empreendedora na área na empresa Há Propósito Comunicação, fundadora do site EncontroELAS, dedicado ao empreendedorismo feminino, e membro da Campinas Tech.

O evento será mediado pelos membros do Campinas Tech, Wlademir Guilherme Jr. e Douglas Akassaka, responsáveis pela iniciativa. Wlademir explica que o talk show é uma contribuição do Campinas Tech aos jovens que em breve estarão no mercado de trabalho, e que visa atender à necessidade latente no país de fomentar o empreendedorismo.

“Os cursos mais técnicos ensinam a trabalhar a organização e o planejamento, mas a essência do empreendedorismo não é ensinada. É importante preparar os jovens para um novo momento, principalmente diante deste cenário difícil do mercado de trabalho. A nossa intenção é provocar os alunos, fazer com que conheçam histórias inspiradoras por meio dos entrevistados e que possam interagir com ele e com os membros do Campinas Tech. É uma oportunidade de levar nosso conhecimento para dentro da universidade e escolas”, ressalta Wlademir.

2º Talk Show de 2019, realizado na PUC-Campinas e parte da programação oficial do Dia Mundial d Criatividade | Foto: Campinas Tech.

Educação Empreendedora

O Talk Show é um painel com empreendedores e especialistas, levados aos ambientes escolares - faculdade, universidade, escolas técnicas e de Ensino Médio de Campinas e Região. A iniciativa é de responsabilidade dos membros do Campinas Tech, da frente de trabalho de “Educação Empreendedora”. O objetivo é criar um ambiente dinâmico e interativo para despertar nos estudantes um novo ponto de vista diante da carreira escolhida, para que possam planejar sua trajetória profissional vislumbrando novas possibilidades, que não apenas o emprego tradicional dentro de empresas. Este será o terceiro evento realizado em 2019. As edições anteriores foram realizadas na PUC-Campinas e na Unicamp.

Entenda a LGPD (Lei Geral da Proteção de Dados)

Imagem: Every System | Divulgação.

A nova Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), foi sancionada pelo governo Brasileiro e tem como objetivo aumentar a privacidade dos dados pessoais e o poder das entidades reguladoras para fiscalizar as organizações.

Nos últimos anos vem ocorrendo vários casos de vazamento de dados pessoais ou uso indevido de informações. Um exemplo disso, aconteceu em 2018 com a empresa britânica Cambridge Analytica, onde o Facebook admitiu ter fornecido dados de usuários para a empresa que era contratada pela campanha de Donald Trump, fazendo com o que o uso desses dados pudesse influenciar as eleições americanas.

Após esse incidente, a Europa criou uma lei que regulamentasse como as empresas podem utilizar e armazenar os dados dos clientes, funcionários e usuários. Então, em maio de 2018 foi criado o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR), sendo bem aceito, fez com que outros países pensassem sobre a proteção de dados dos cidadãos. A partir disso, esse documento passou a ter aplicabilidade extraterritorial, fazendo com quem muitas empresas se adequassem a esta nova realidade.

Aplicação da LGPD

Mas o que são os Dados Pessoais? De acordo com a LGPD, dado pessoal, é qualquer informação que possa levar a identificação de uma pessoa, de maneira direta ou indireta.

Onde a LGPD é aplicada? Alguns exemplos são em relações trabalhistas, consumeristas, entre usuários e serviços de internet e negócios B2B que utilizam dados pessoais de parceiros/representantes. Resumindo, aplica às empresas que possuem pelo menos um dos requisitos, sendo eles, ter estabelecimento no Brasil, oferecer serviços ao consumidor brasileiro, coletar e tratar de dados localizados no país.

Dados pessoais e a LGPD

O principal foco da lei é garantir a privacidade dos dados pessoais das pessoas e ter mais controle sobre eles. Além disso, há regras claras sobre o processo de coleta, armazenamento e compartilhamento desses dados. Sendo assim, algumas medidas para proteger esses dados, podem ser de segurança, técnicas e administrativas, o importante é que combatam ou minimize a perda, ou indisponibilidade de dados.

A lei vai dividir os dados em duas classificações, os pessoais e sensíveis. Os pessoais são informações que permite que você identifique uma pessoa ou descreva um comportamento. Já os sensíveis, tratam de características que podem fazer com que haja uma discriminação dos donos desses dados (como, por exemplo: raça, religião, opção sexual).

Quem precisa de adequar?

A partir de agora, todas as empresas que prestam serviços no Brasil precisam se adequar as novas regras e deverão ter um profissional exclusivo para a proteção de dados e responsável pela execução da nova lei, podendo ser próprio ou terceiro.

Com a LGPD em vigor, as empresas têm até o segundo semestre de 2020 para se adaptarem. A fiscalização será feita pela Agência Nacional de Proteção de Dados e caso não haja a adequação dos requisitos das obrigações, pode gerar consequências, como a cobrança de uma multa de 2% do faturamento anual, limitada a R$ 50 milhões por infração.

É importante ressaltar, que de acordo com essa lei a companhia deve ter o consentimento do usuário para coletar seus dados. Além disso, o cidadão pode solicitar a exclusão de suas informações da base de dados de uma empresa.

Princípios para o tratamento de dados pessoais:

  • Finalidade: ter um propósito informado;
  • Adequação: tem que ser compatível com a finalidade;
  • Necessidade: utilizar apenas os dados estritamente necessários;
  • Livre acesso: acesso ao tratamento e integridade dos dados;
  • Qualidade dos dados: haver dados exatos, claros e atualizados;
  • Transparência: informações claras e precisas;
  • Segurança: medidas aptas a proteger os dados pessoais;
  • Prevenção: medida para evitar danos aos titulares;
  • Não discriminação: não utilizar para fins discriminatórios, ilícitos ou abusivos;
  • Responsabilização e prestação de contas: demonstrar adoção de medidas eficazes ao cumprimento das normas.

Áreas e encarregados afetados pelo LGPD

As áreas afetas em uma empresa serão as de análise de dados, marketing, desenvolvimento de software e TI, gerenciamento de produtos, jurídico, Compliance, recursos humanos, serviços e logística, segurança da informação.

O encarregado por cuidar desses dados e seguir a lei deve se reportar ao nível mais alto da direção, ter estabilidade orçamentária e suas atividades serão destinadas a recepcionar e atender as demandas dos titulares dos dados, interagir com a Autoridade Nacional de Proteção de Dados, orientar funcionários e contratados quanto a práticas de proteção de dados.

Direitos do titular dos dados

O titular dos dados pessoais tem como direito ter uma confirmação da existência de tratamento, acesso às informações, corrigir dados incompletos e eliminação dos que não forem necessários, excessivos. Além disso, ele pode ter uma portabilidade dos dados a outro fornecedor de serviço ou produto, sabendo que existe uma possibilidade de não fornecer os dados sem seu consentimento, revogar esse consentimento e reclamar a Autoridade Nacional.

Conclusão

Como essa lei é uma novidade, é difícil lidar com essa situação sozinho e administrar o negócio junto. Sendo assim, é importante que haja um parceiro especializado que pode auxiliar nesse período de transição, oferecendo mais conhecimento e aplicação de medidas eficientes para o cumprimento da lei.


Texto por:
Every System, associado da Campinas Tech. Originalmente publicado no blog da empresa.

Comunidades de Startups: por que aqui? O papel do governo e da comunidade local

Reunião de Ecossistema da Campinas Tech. Dezembro 2018.

Introdução - Comunidades de Startups

Os casos das startups "unicórnios" Movile e iFood, Nubank, 99 e Netshoes, colocam o Brasil no mapa global das startups. Recentemente, provamos nosso valor com cases de sucesso que trouxeram aos brasileiros a realidade de negócios que resolvem grandes problemas e que crescem rapidamente. Mesmo com a concorrência de iniciativas globais, que aparentemente demonstram mais ímpeto e capacidade de execução do que as iniciativas nacionais, conseguimos demonstrar que podemos gerar negócios de altos impacto e valor.

Esses casos de sucesso aumentam as discussões em torno do tema e o que se nota é que, cada vez mais, surgem iniciativas que buscam agregar startups, reunir empreendedores e gerar awareness sobre o assunto por meio de eventos e atividades relacionadas.

As comunidades prósperas são as responsáveis de fato pela sustentabilidade e catalisação do processo empreendedor a longo prazo, auxiliando no crescimento das startups e fomentando que novos empreendedores surjam. Conseguir construir uma comunidade de startups trará crescimento para uma região ou localidade.

Quem nunca ouviu falar do Vale do Silício? Sua riqueza e relevância não surgiram “do nada”. Existem alguns fatores que fazem com que o principal movimento de inovação e empreendedorismo do mundo aconteça naquela região.

Acredito que Campinas é uma comunidade protagonista no Brasil. Aqui surgiu a primeira associação de startups do país, a Campinas Startups, a qual hoje se tornou Campinas Tech, por assumir uma abordagem mais abrangente com relação ao empreendedorismo e ao papel social da instituição de fato. São muitas iniciativas de sucesso que começaram por aqui: a própria Movile, QuintoAndar, Ci&T, Sensidia, Superlógica e PJBank, Agrosmart, I-Systems, Dentro da História, Shawee e Assertiva. Neste momento, estamos construindo um ecossistema que facilita de fato o surgimento de empreendimentos de grande impacto, em um trabalho sem qualquer precedente no Brasil.

O ecossistema de empreendedorismo é composto por diversos players conforme mostra a figura abaixo. É objetivo deste texto comentar os fatores que fazem comunidades apresentarem um aspecto local, apontando como os governos locais podem fomentar o surgimento desta comunidade. Além disso, explico como uma comunidade de empreendedores colabora para o fomento do empreendedorismo de longo prazo.

Sobre os fatores de adensamento

Em um mundo onde a localização importa cada vez menos, é importante entender o que faz com que comunidades de startups surjam em determinadas regiões geográficas do globo uma vez que isto pode indicar características comuns que permitam replicar tais comunidades. As principais explicações levam em consideração aspectos econômicos, sociais e demográficos.

A concentração de startups em uma área permite ganhos de escala externos a elas e este é o aspecto econômico da concentração. Ganhos relacionados à infraestrutura, ambiente regulatório (burocracias e taxas), presença de serviços especializados de advocacia e contabilidade, acesso a capital (investidores), concentração de talentos (universidades), etc. Assim, empresas concentradas em uma localização irão ratear os custos da existência desta infraestrutura, gerando ganhos de escala, o que potencializa o crescimento dos participantes desta região ou comunidade.

Dentre todos os provedores destes ganhos, com certeza as universidades e as instituições de ensino e formação de talentos são as mais relevantes, sendo que a ausência destas reduz em muito as oportunidades de adensamento por ganhos de escala. As universidades são extremamente estratégicas neste sentido.

A participação do governo local é importante para guiar a ocupação do território, através dos Planos Diretores, para a atração de universidades e centros de formação de talentos, redução da burocracia, aumento dos incentivos fiscais, e para disponibilização de infraestrutura de qualidade para o bom desenvolvimento dos negócios.

Do ponto de vista sociológico, a cultura de abertura das principais empresas e compartilhamento de informações causam efeitos de rede que aumentam a concentração de empreendedores e empreendimentos naquela região. O simples fato de alguns empresários colaborarem com outros, incentivarem o crescimento de outros e compartilharem experiências, fomenta o surgimento de outros empreendedores e abre o mercado. Isso catalisa o processo e o principal exemplo disso é o próprio Vale do Silício. Esta cultura de abertura e compartilhamento de informações entre seus principais players permitiu uma evolução muito mais rápida do que de outras localizações de características similares.

Relatos sobre CEOs compartilharem informações são muito comuns, o que catalisou todo processo empreendedor da região. Nesse sentido, é papel do governo local incentivar instituições que promovem a troca de experiências e propiciam momentos de contato e geração de colisões, que é o princípio básico do fomento à inovação. Novamente, podemos entender o papel de suporte do governo local para incentivo às iniciativas.

Finalmente, do ponto de vista demográfico, pessoas de alto potencial, criativas, inventivas e com grandes quantidades de informação pretendem viver em locais de alta qualidade de vida, onde exista uma cultura de tolerância ao diferente e às novas ideia, e, mais importante, cercado de pessoas que se pareçam com elas. Isso justifica o adensamento em torno de regiões geográficas. Nesse sentido, é papel do público legislar sobre a diversidade e apoiar o trabalho das instituições de ensino, de tal forma a suportar a existência de ambientes diversos e com valores positivos para o crescimento das comunidades.

O papel da Comunidade

A comunidade de empreendedores é quem de fato faz a diferença na formação de empreendedores e empreendimentos no longo prazo. Essa é uma releitura de uma afirmação importante do livro “Startup CEO”, de Matt Blomberg, onde o autor cita que "um conselho empreendedor é um ativo de valor incalculável para o empreendedor", ou seja, sendo um ativo de altíssimo valor, a criação destes conselhos é o que de mais importante pode ser gerado dentro da comunidade.

Um dia conversando com um amigo, falamos sobre o poder do compartilhamento de informações por parte de grandes empreendedores e a capacidade de atração de empresas e talentos para determinada região a partir disso. Disse ele: "Se o CEO da empresa XPTO se reunir com 10 jovens de alto potencial e explicar para eles o processo de conseguir faturar R$100 milhões em 10 anos, então esses jovens não terão o direito de demorar 10 anos para conseguirem o mesmo resultado". De fato, se um empreendedor desse porte oferece este tipo de conhecimento, então o papel da comunidade e do empreendedor passa a ser extremamente relevante para a atração de talentos para determinada região.

Apenas essa iniciativa tem potencial de atração de talentos nacionais para participação no programa e, nesse momento, a presença de outros fatores de adensamento, como citados acima, passam a ser menos relevantes na opção do empreendedor de construir um negócio na região.

Para chegar a esse nível e para conseguir que este tipo de iniciativa e percepção emerja de um ambiente de colaboração, gestão horizontal e criatividade em torno da problemática do empreendedorismo de alto impacto, é necessário trabalho sério e focado na construção e estabelecimento da comunidade. Esse tipo de efeito é derivado do trabalho de instituições criadas em torno de um propósito forte, embasado por conhecimento científico e empírico, trazido e traduzido de outras experiências ao redor do mundo. Em Campinas, desenvolvemos a hipótese do Funil Empreendedor e estamos a validando e medindo os resultados por meio de experimentos reais. Esse assunto será tratado em outros posts.

Logo, o papel da comunidade é trazer os empreendedores para atuarem no processo de evolução de outros empreendedores, do ambiente, dos investidores, das instituições de ensino e do ambiente regulatório, ou seja, do sistema complexo que envolve o empreendedorismo de forma global. Dessa forma, a comunidade representa as dores dos empreendedores e suas iniciativas próprias que melhoram o sistema, sendo assim, definitivamente, o protagonista no desenvolvimento e apoio ao processo empreendedor de longo prazo, regional e através das conexões de redes, nacional e internacional.

É importante que cada um dos players entenda seu papel e exerça suas capacidades de forma plena, sem confundir os papéis com outros players, promovendo assim a sinergia e a confluência de ações.


Texto por:
Raul Cardoso
, empreendedor e Presidente da Campinas Tech.

A Negação no Agile

Acabei de ver um vídeo da Claudia Feitosa-Santana (Pós-doutora em neurociências integradas pela University of Chicago) sobre o desastre de Brumadinho, em que ela aborda o estado de negação, que levou a Vale a não tomar os devidos cuidados. Alguém pode estar pensando: “Negação, não. Foi pura negligência, incompetência ou descaso!".

Considerações à parte, no vídeo ela comenta como o nosso cérebro evoluiu e como nós evitamos as incertezas no sentido amplo (riscos, ambiguidades e dúvidas) e que, por isso e muitas vezes diante delas, negamos-as. Esta negação, de forma coletiva, gera catástrofes devido à “cegueira ética”.

Isto me fez lembrar do framework Cynefin e seus quadrantes. Para quem não conhece, ele ajuda na tomada de decisão ao indicar as melhores formas de lidar com os sistemas de acordo, principalmente, com suas relações de causa e consequência.

No alt text provided for this imageÀ direta do quadro estão os grupos "Complicado" e "Simples" que são os sistemas "ordenados", ou seja, que apresentam relações claras de causa e consequência.

Já do lado esquerdo do quadro estão os grupos "desordenados", composto pelos grupos "Complexo" e "Caótico". Nestes grupos não há a possibilidade de se estabelecer claramente as relações de causa e consequência.

 

Para sistemas ordenados é possível fazer uso do conhecimento de especialistas e de melhores práticas. São problemas preditivos. Os sistemas desordenados necessitam de abordagens mais experimentais por meio de práticas novas e emergentes como o Agile onde pode-se conduzir mudanças de forma "evolutiva".

Você deve estar pensando: Qual a relação?

Eu acredito que, muitas vezes e diante de problemas complexos, tentamos agir como se tivéssemos um problema complicado, preditivo.

Um exemplo claro é a forma como eu tenho visto muitas implementações Agile onde, na minha opinião, instala-se frameworks como Scrum, organiza-se a empresa em Squads e escala-se com SAFe.

A transformação ágil é um problema complexo, pois você precisa entender o estado atual, a cultura da empresa, o ambiente, os processos e depois, através de experimentações, ir mudando / transformando o todo da empresa na direção de um mindset Agile. O fato de você rodar Scrum e ter seu time organizado em Squads não torna, automaticamente, a sua empresa ou equipe em ágil.

O mindset Agile deve ser impulsionado pela entrega de valor, e não dirigido por um plano preditivo. 😉

As empresas / equipes que desejam fazer a transformação ágil precisam entender que este é um caminho de incertezas. As relações de causa e efeito na reorganização da empresa e times, nas mudanças nos processos e etc. são um problema complexo e que, portanto, precisam ser feitos aos poucos e através de muita experimentação.

Minha conclusão é que precisamos evitar a armadilha da negação gerada pela incerteza da verdadeira transformação Agile, ter paciência e fazer muita experimentação neste processo de forma evolutiva. Simplesmente adotar Scrum, organizar a empresa em Squads e escalar com SAFe pode não trazer o valor desejado.

Links:

Video: https://www.youtube.com/watch?v=Yad3Hh0MpUo
Framework Cynefin: https://en.wikipedia.org/wiki/Cynefin_framework
Manifesto Agil: http://www.manifestoagil.com.br


Texto por:

Leandro Garcia e originalmente publicado no LinkedIn.